Perspetivas Económica neste contexto da COVID-19

A origem desta crise é completamente distinta da anterior, de 2008, não obstante as fragilidades endémicas demonstradas durante a anterior recessão poderem prejudicar uma recuperação mais rápida da atividade económica, dado que, apesar do esfoço de equilíbrio orçamental dos últimos anos, os riscos estruturais permaneceram.

Esta é uma crise com contornos muito específicos e transversal a todos os países, sendo a tomada de medidas do estado de emergência a razão imediata da recessão que já se faz sentir. Com efeito, foi dada prioridade à gestão da crise de saúde pública, na medida em que a recuperação económica será tão mais sustentada quanto menor for o risco associado a uma segunda vaga da pandemia.

De acordo com a recente publicação “The Macroeconomics of Epidemics”, o impacto de não se tomar qualquer medida de controlo teria sido uma quebra, no primeiro ano, de apenas 0,7% do consumo médio agregado, porém com consequências devastadoras ao nível da saúde e com um declínio permanente de 0,3% da população e do PIB, como consequência dos óbitos previsivelmente ocorridos.

Esta crise é provocada, simultaneamente, por choques do lado da oferta e da procura, o que poderá criar uma espiral depressiva, gerando uma grande e persistente recessão:

• O efeito do lado da oferta é causado pelo risco de contágio dos trabalhadores, fazendo com que haja uma redução da força de trabalho, o que significará paragem de empresas, interrupções do comércio internacional e ruturas nas cadeias de valor.
• Do lado da procura, os efeitos são causados pelo risco de contágio das pessoas que consomem, resultando na redução súbita e violenta, quer do consumo privado, quer do investimento.

Os choques descritos terão como consequência fortes dificuldades de tesouraria para as empresas que, posteriormente, se poderão traduzir em problemas de solvabilidade, podendo mesmo levar ao seu encerramento. Estes problemas refletem-se em desemprego e na diminuição do rendimento disponível das famílias, os quais conduzirão a uma redução do consumo e do investimento.

A recuperação económica deverá ser muito lenta e, sobretudo, mais gradual do que o esperado. O crescimento da atividade económica, que até ao final do primeiro trimestre de 2020 foi sustentado pelo dinamismo das exportações (de bens e serviços) e do consumo privado, direcionar-se-á agora, no que falta de 2020 e no que se pode razoavelmente perspetivar para 2021, sobretudo para o incremento do consumo e do investimento públicos, eleitos como os naturais dínamos da recuperação da atividade económica.
A pandemia não deixará também de causar impacto na organização do trabalho, com potencial elevado de transição para o modo de teletrabalho, o que tem igualmente consequências nos domínios do consumo e do investimento privados, mas positivos do ponto de vista do ambiente.

Em termos de modelo de desenvolvimento, antecipa-se uma transição do modelo baseado na economia global - que tem caraterizado o século XXI até ao momento - para uma economia mais micro e regional, caraterísticas que se adequam à natureza de uma entidade centenária de base local, como é o caso da CEP – Caixa Económica do Porto.
Por outro lado, o grande destaque neste mundo confinado ao isolamento vai para o grande incremento das vendas em canal digital, o que muito contribui para a inevitabilidade, necessidade e oportunidade do investimento tecnológico que a CEP tem em curso.

De facto, quem não estiver equipado com tecnologias de suporte à comercialização “online”, das mais simples aplicações para dispositivos móveis aos mais sofisticados algoritmos de inteligência artificial e de ciência de dados, corre o risco de ficar para trás, dado que se esta era já uma tendência estabelecida, a pandemia veio apenas confirmar que o novo normal é digital.

No capítulo financeiro, espera-se uma forte queda na até agora muito dinâmica tendência de crescimento de preços no mercado imobiliário, com impactos potencialmente negativos na estabilidade do sistema financeiro, nomeadamente por ter sido um processo financiado em excesso por crédito bancário. Para essa súbita correção dos preços, contribuirá a incerteza em relação à evolução da procura externa que caraterizou a fase de expansão deste setor de atividade.

Estes fatores serão alheios para os atuais negócios da CEP, dado as suas operações de crédito se centrarem em garantias de ouro que se perspetiva virem a acentuar o seu papel de ativo de refúgio, nestes períodos mais conturbados social e economicamente, aumentando o seu valor e as garantias em carteira. Por esta via, há até um potencial de crescimento ao nível da atividade de raiz da CEP.

José Ferraz Alves
Diretor
Caixa Económica do Porto

A Beneficência Familiar é a entidade titular da Caixa Económica do Porto (CEP).
Sabia que a CEP se encontra numa fase de fortes investimentos tecnológicos e humanos para se reinventar como uma inovadora entidade financeira dedicada ao setor da economia social, com novos produtos e serviços?
E que, presentemente, com o máximo de profissionalismo e respeito, que os 115 anos de vida e a supervisão pelo Banco de Portugal garantem, pode já recorrer a pequenos empréstimos com a garantia de bens em ouro e peças preciosas?
Estes empréstimos têm pagamentos apenas de juros e pode, quando lhe for mais conveniente, resgatar e recuperar esses bens.
Estamos aqui para si.